Constatou-se, segundo a abordagem keynesiana,
que o volume de emprego é determinado no mercado de bens e serviços,
especificamente, no ponto de demanda efectiva, ponto de intersecção
entre as funções de demanda agregada e oferta agregada. Assim, a
determinação do volume de emprego ficou a cargo das forças
condicionantes da demanda agregada, como: eficiência marginal do
capital, propensão a consumir e preferência pela liquidez.
Neste sentido, no sistema keynesiano, o equilíbrio macroeconómico
pode ocorrer em qualquer nível, ou seja, ser compatível com a posição
de equilíbrio de pleno emprego (máxima utilização dos factores de
produção, trabalho e capital) ou se estabelecer num nível aquém da
posição de equilíbrio de pleno emprego, situação na qual os factores de
produção são subutilizados. Verificou-se também, que o desemprego
involuntário é consequência de insuficiência de demanda efectiva. Assim,
Keynes defendeu a utilização de políticas económicas, monetária e
fiscal, para fomentar a demanda agregada e, consequentemente, o volume
de emprego. Desta forma, por exemplo, em períodos caracterizados por
investimento privado
insuficiente,
o Estado deve intervir na economia mediante uso dos instrumentos de
políticas económicas para reduzir o desemprego involuntário. Após a
publicação da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, surgiu o que
se convencionou denominar Síntese Neoclássica. Esta síntese
apresentou-se como um primeiro “contra-ataque” dos economistas da teoria
ortodoxa à teoria de Keynes
sobre o emprego. Neste sentido, a síntese neoclássica desenvolveu um
processo de neo-classização da estrutura teórica exposta por Keynes. Desta forma, segundo o “keynesianismo” neoclássico, a principal contribuição de Keynes situou-se
no terreno da política económica, isto é, a legitimação do uso de
instrumentos fiscais e/ou monetários para ampliar o volume de emprego em
situações de inflexibilidade do mercado de trabalho. A essência da
argumentação da Síntese Neoclássica corresponde ao contexto no qual a
teoria do emprego desenvolvida por Keynes consiste na afirmação de que o
desemprego involuntário é consequência da rigidez do salário nominal.
Segundo esta visão, um excesso de oferta de trabalho sobre a demanda não
provocaria redução do salário nominal por razão
histórico-institucional, como a existência de legislação trabalhista e
poder de barganha dos sindicatos. Segundo OCIO (1995), se prevalecesse a
hipótese de flexibilidade salarial, hipótese defendida pelos
economistas da Síntese Neoclássica, o excesso de oferta de mão-de-obra
resultaria em redução do salário nominal. Mantido o nível de preços
constante, a redução do salário nominal promoveria reduções do salário
real. Se o salário real fosse estabelecido em um nível inferior à
produtividade marginal do capital, as firmas maximizadoras de lucro
expandiriam o nível de produção, ampliando, assim, o volume de emprego. O
volume de emprego aumentaria até a posição de equilíbrio de pleno
emprego. Assim, os economistas da Síntese Neoclássica adoptaram o
princípio de que no longo prazo, onde todos os preços e salários possuem
plena flexibilidade, a economia converge à condição de pleno emprego, onde o desemprego existente seria friccional e/ou voluntário.
Observou-se
que os formuladores da Síntese Neoclássica acreditavam que após choques
de demanda ou de oferta, que provocassem desvios do produto real em
relação ao produto potencial, a economia convergiria
à posição de equilíbrio de pleno emprego (PIB real igual ao PIB
potencial). Neste sentido, economistas como Franco Modigliani e Don
Patinkin, elaboraram, respectivamente, os efeitos Keynes e Pigou,
objetivando sistematizar os mecanismos de ajustamento automáticos.
Desta forma,
tais efeitos representam forças endógenas às economias de mercado.
Assim, a síntese neoclássica constituiu um retorno às velhas hipóteses
neoclássicas referentes à operacionalidade do mercado de trabalho.
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