quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Equilíbrio do emprego

Constatou-se, segundo a abordagem keynesiana, que o volume de emprego é determinado no mercado de bens e serviços, especificamente, no ponto de demanda efectiva, ponto de intersecção entre as funções de demanda agregada e oferta agregada. Assim, a determinação do volume de emprego ficou a cargo das forças condicionantes da demanda agregada, como: eficiência marginal do capital, propensão a consumir e preferência pela liquidez.
 Neste sentido, no sistema keynesiano, o equilíbrio macroeconómico pode ocorrer em qualquer nível, ou seja, ser compatível com a posição de equilíbrio de pleno emprego (máxima utilização dos factores de produção, trabalho e capital) ou se estabelecer num nível aquém da posição de equilíbrio de pleno emprego, situação na qual os factores de produção são subutilizados. Verificou-se também, que o desemprego involuntário é consequência de insuficiência de demanda efectiva. Assim, Keynes defendeu a utilização de políticas económicas, monetária e fiscal, para fomentar a demanda agregada e, consequentemente, o volume de emprego. Desta forma, por exemplo, em períodos caracterizados por investimento privado
insuficiente, o Estado deve intervir na economia mediante uso dos instrumentos de políticas económicas para reduzir o desemprego involuntário. Após a publicação da Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, surgiu o que se convencionou denominar Síntese Neoclássica. Esta síntese apresentou-se como um primeiro “contra-ataque” dos economistas da teoria ortodoxa à teoria de Keynes sobre o emprego. Neste sentido, a síntese neoclássica desenvolveu um processo de neo-classização da estrutura teórica exposta por Keynes. Desta forma, segundo o “keynesianismo” neoclássico, a principal contribuição de Keynes situou-se no terreno da política económica, isto é, a legitimação do uso de instrumentos fiscais e/ou monetários para ampliar o volume de emprego em situações de inflexibilidade do mercado de trabalho. A essência da argumentação da Síntese Neoclássica corresponde ao contexto no qual a teoria do emprego desenvolvida por Keynes consiste na afirmação de que o desemprego involuntário é consequência da rigidez do salário nominal. Segundo esta visão, um excesso de oferta de trabalho sobre a demanda não provocaria redução do salário nominal por razão histórico-institucional, como a existência de legislação trabalhista e poder de barganha dos sindicatos. Segundo OCIO (1995), se prevalecesse a hipótese de flexibilidade salarial, hipótese defendida pelos economistas da Síntese Neoclássica, o excesso de oferta de mão-de-obra resultaria em redução do salário nominal. Mantido o nível de preços constante,  a redução do salário nominal promoveria reduções do salário real. Se o salário real fosse estabelecido em um nível inferior à produtividade marginal do capital, as firmas maximizadoras de lucro expandiriam o nível de produção, ampliando, assim, o volume de emprego. O volume de emprego aumentaria até a posição de equilíbrio de pleno emprego. Assim, os economistas da Síntese Neoclássica adoptaram o princípio de que no longo prazo, onde todos os preços e salários possuem plena flexibilidade, a economia converge à condição de pleno emprego, onde o desemprego existente seria friccional e/ou voluntário.

Observou-se que os formuladores da Síntese Neoclássica acreditavam que após choques de demanda ou de oferta, que provocassem desvios do produto real em relação ao produto potencial, a economia convergiria à posição de equilíbrio de pleno emprego (PIB real igual ao PIB potencial). Neste sentido, economistas como Franco Modigliani e Don Patinkin, elaboraram, respectivamente, os efeitos Keynes e Pigou, objetivando sistematizar os mecanismos de ajustamento automáticos.
 Desta forma, tais efeitos representam forças endógenas às economias de mercado. Assim, a síntese neoclássica constituiu um retorno às velhas hipóteses neoclássicas referentes à operacionalidade do mercado de trabalho.


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