quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Adam Smith e o Paradoxo do Valor

Quando Adam Smith na sua famosa obra “A Riqueza das Nações”(1776) questionava:
Porque é que a água que é tão essencial à vida vale muito menos do que o diamante que é apenas um bem de luxo?

Tratava-se do Paradoxo do Valor. Cerca de 200 anos depois, é que foi possível responder a esta questão, quando os teóricos do Marginalismo (Jeovans, Menger e Walras), apresentaram as suas conclusões sobre a importância da Utilidade Marginal na decisão do consumidor.

Como vimos,
 No passado, segundo os teóricos clássicos, o valor de um bem estava implícito no próprio bem visto ser dado pela quantidade de Trabalho nele incorporado. Quer dizer: o valor de um bem tinha carácter objectivo por ser formado do lado da Oferta, uma vez que resultava dos custos incorporados no objecto, sendo a mão-de-obra o recurso económico com o custo mais representativo nessa altura (Manufactura).
 Com o surgimento dos Marginalistas, o valor de um bem, já não está no próprio bem, mas sim no Consumidor, através da satisfação ou utilidade que ele retira do consumo desse bem. Significa que o valor do bem passa a ter um carácter subjectivo (variável de pessoa para pessoa) sendo por isso formado do lado da Procura, porque depende da satisfação que o bem proporciona ao seu Consumidor.

A água apresenta um elevado valor de uso para qualquer ser vivo (Homem, animal ou planta) e um baixo valor de troca (porque com o preço que pagamos pela água só podemos trocar por outros poucos bens). Pelo contrário, o diamante apresenta um baixo valor de uso (porque não é essencial à vida embora seja um bem de luxo procurado por um número relativamente reduzido de pessoas no mundo inteiro) e um elevado valor de troca (porque com o preço que se paga pelo diamante podemos trocar por grandes quantidades de outros bens).

Samuelson (1999) apresenta uma explicação muito compreensiva sobre o Paradoxo do Valor, que podemos resumir no seguinte:

A água é relativamente abundante na Natureza. A sua transformação (em água potável, canalizada, engarrafada, etc.) para ser utilizada pelo Homem faz-se a custos relativamente baixos. Porém, os diamantes são escassos na Natureza e o seu custo de extracção é extremamente elevado.
Além disso, como já vimos, existe um paralelismo entre o comportamento da curva da Utilidade Marginal e o comportamento da curva da Procura de tal modo que o preço de um bem é determinado pela sua UMg, para mais informacao sobre o comportamento da curva da procura veja sobre a escolha do consumidor na abordagem cardinal.
No caso concreto da água, a Utilidade Total é elevada (um copo de água pode salvar uma vida) mas é a Utilidade adicional (UMg) que o consumidor retira da última unidade adicional que determina o seu preço, por sinal muito baixo por a água ser relativamente abundante.
Veja-se o caso do ar que respiramos: É um bem livre, com uma Utilidade Total muito elevada (todos precisamos de ar para viver) mas com uma UMg igual a zero porque existe em quantidades ilimitadas!
Quanto ao diamante, a sua Utilidade Total é inferior à da água (o diamante não salva uma vida!) mas é a sua escassez que determina que a sua Utilidade Marginal seja tão elevada. Não é fácil termos à nossa disposição tantas unidades adicionais de diamantes como acontece com o número de unidades adicionais de água! Assim, o preço do diamante que é igualmente determinado pela sua UMg é, por conseguinte, também elevado.

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