Quando Adam Smith na sua famosa obra “A Riqueza das Nações”(1776) questionava:
Porque é que a água que é tão essencial à vida vale muito menos do que o diamante que é apenas um bem de luxo?
Tratava-se
do Paradoxo do Valor. Cerca de 200 anos depois, é que foi possível
responder a esta questão, quando os teóricos do Marginalismo (Jeovans,
Menger e Walras), apresentaram as suas conclusões sobre a importância da
Utilidade Marginal na decisão do consumidor.
Como vimos,
No passado, segundo os teóricos clássicos, o valor de um bem estava
implícito no próprio bem visto ser dado pela quantidade de Trabalho nele
incorporado. Quer dizer: o valor de um bem tinha carácter objectivo por
ser formado do lado da Oferta, uma vez que resultava dos custos
incorporados no objecto, sendo a mão-de-obra o recurso económico com o
custo mais representativo nessa altura (Manufactura).
Com o
surgimento dos Marginalistas, o valor de um bem, já não está no próprio
bem, mas sim no Consumidor, através da satisfação ou utilidade que ele
retira do consumo desse bem. Significa que o valor do bem passa a ter um
carácter subjectivo (variável de pessoa para pessoa) sendo por isso
formado do lado da Procura, porque depende da satisfação que o bem
proporciona ao seu Consumidor.
A água apresenta um
elevado valor de uso para qualquer ser vivo (Homem, animal ou planta) e
um baixo valor de troca (porque com o preço que pagamos pela água só
podemos trocar por outros poucos bens). Pelo contrário, o diamante
apresenta um baixo valor de uso (porque não é essencial à vida embora
seja um bem de luxo procurado por um número relativamente reduzido de
pessoas no mundo inteiro) e um elevado valor de troca (porque com o
preço que se paga pelo diamante podemos trocar por grandes quantidades
de outros bens).
Samuelson (1999) apresenta uma explicação muito compreensiva sobre o Paradoxo do Valor, que podemos resumir no seguinte:
A
água é relativamente abundante na Natureza. A sua transformação (em
água potável, canalizada, engarrafada, etc.) para ser utilizada pelo
Homem faz-se a custos relativamente baixos. Porém, os diamantes são
escassos na Natureza e o seu custo de extracção é extremamente elevado.
Além
disso, como já vimos, existe um paralelismo entre o comportamento da
curva da Utilidade Marginal e o comportamento da curva da Procura de tal
modo que o preço de um bem é determinado pela sua UMg, para mais
informacao sobre o comportamento da curva da procura veja sobre a
escolha do consumidor na abordagem cardinal.
No
caso concreto da água, a Utilidade Total é elevada (um copo de água
pode salvar uma vida) mas é a Utilidade adicional (UMg) que o consumidor
retira da última unidade adicional que determina o seu preço, por sinal
muito baixo por a água ser relativamente abundante.
Veja-se o
caso do ar que respiramos: É um bem livre, com uma Utilidade Total muito
elevada (todos precisamos de ar para viver) mas com uma UMg igual a
zero porque existe em quantidades ilimitadas!
Quanto ao diamante, a
sua Utilidade Total é inferior à da água (o diamante não salva uma
vida!) mas é a sua escassez que determina que a sua Utilidade Marginal
seja tão elevada. Não é fácil termos à nossa disposição tantas unidades
adicionais de diamantes como acontece com o número de unidades
adicionais de água! Assim, o preço do diamante que é igualmente
determinado pela sua UMg é, por conseguinte, também elevado.
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